Leonardo Mataruna
Pesquisador do Laboratório de Atividade Motora Adaptada (UNICAMP), Programa dePós-Graduação em Educação Física- Bolsista CAPES. – mataruna@gmail.com
A metodologia de ensino desenvolvida por Jigoro Kano teve algumas evoluçõesao longo da história. A idéia inicial era de difundir uma pedagogia que pudesse melhorar a vida dos seres humanos, reduzindo as diferenças e promovendo o desenvolvimento de uma filosofia capaz de ultrapassar os locais de treinamento e que de fato atingisse o âmago familial dos que si dispunham em aprender o caminho da suavidade.
Poucas pessoas sabem, mas o Barão Pierre de Coubertin e Jigoro Kano comungavam de ideais muito próximos. Estes princípios que são utilizados na filosofia do Olimpismo se aplicam com veemência no Judô através de seus provérbios edoutrinas reflexivas das ações motoras. Muitos economistas e gestores do saber utilizam os princípios do Judô para realizar seus treinamentos de lideres e empreendedores. O que poucas pessoas refletem é sobre a realidade cultural onde foram idealizados e em que cronos (tempo) a filosofia foi desenvolvida.
A título de indagação filosófica questiono, seguindo as idéias de Mesquita (2005): “a contemporaneidade deve congregar da mesma ritualística destinada a outros tempos e cultura?”
Devemos apenas reproduzir ou pensar e agir em relação à pedagogia de Jigoro Kano?
Quando a modalidade foi inserida nos Jogos Olímpicos de Tóquio (1964) a intenção era a promoção do esporte para o mundo. Quando tratamos de esporte falamos de competição, e em se tratando de performance para a vitória, vale qualquer coisa a qualquer preço. Já se foi o tempo em que as pessoas iam aos Jogos Olímpicos apenas para participar, todos vão para ganhar, mesmo que não tenham chances. Isso se justificana realidade simbólica que a vitória prescreve a obtenção de prestígio e dinheiro.
Ambos são os combustíveis de muitos atletas e comitês olímpicos nacionais. Entretanto quando o assunto se pauta no ganhar a qualquer preço, vai de encontro com a filosofia do de Coubertin e Kano.
Na época da implantação da modalidade nos Jogos ninguém pensava que as mulheres iriam participar de competições ou até mesmo treinamentos. Nos Jogos de Barcelona 1992 as mulheres puderam participar pela primeira vez. O mesmo em se tratando de pessoas com deficiência. Na década de 1970 começaram as atividades de judô para deficientes físicos, mentais e sensoriais (auditivos e visuais), mas só em 1988
a modalidade foi incluída nos Jogos Paraolímpicos para homens e em 2004 para mulheres com deficiência visual. O primeiro campeonato mundial de Judô e Karatê para Surdos aconteceu entre 06-07 de outubro de 1979 em Tóquio-Japão, financiado pelas associações mundiais dessa deficiência. Entretanto a modalidade estará pela primeira vez na 21ª Surdolimpíadas de Verão em 2009, somente 30 depois da sua primeira
manifestação competitiva. Em 2003, o Judô foi incluído nas Olimpíadas Especiais como modalidade de apresentação e as pessoas com Síndrome de Down puderam competir pela primeira vez. Este ano, na China, a modalidade estará nas Olimpíadas Especiais pela segunda vez como modalidade definitiva. Em relação as Olimpíadas de Gays e Lésbicas (Gay Games), o Judô foi inserido apenas nos Jogos de Vancouver-Canadá em 1990, dentro conjunto das artes marciais (MATARUNA, 2006).
a modalidade foi incluída nos Jogos Paraolímpicos para homens e em 2004 para mulheres com deficiência visual. O primeiro campeonato mundial de Judô e Karatê para Surdos aconteceu entre 06-07 de outubro de 1979 em Tóquio-Japão, financiado pelas associações mundiais dessa deficiência. Entretanto a modalidade estará pela primeira vez na 21ª Surdolimpíadas de Verão em 2009, somente 30 depois da sua primeira
manifestação competitiva. Em 2003, o Judô foi incluído nas Olimpíadas Especiais como modalidade de apresentação e as pessoas com Síndrome de Down puderam competir pela primeira vez. Este ano, na China, a modalidade estará nas Olimpíadas Especiais pela segunda vez como modalidade definitiva. Em relação as Olimpíadas de Gays e Lésbicas (Gay Games), o Judô foi inserido apenas nos Jogos de Vancouver-Canadá em 1990, dentro conjunto das artes marciais (MATARUNA, 2006).
Para que todas as pessoas pudessem participar foram necessárias adaptações, inclusive nas competições para adultos (seniores), como o Campeonato Mundial de Judô, recentemente realizado no Rio de Janeiro.
No início, até 1961, existia apenas uma categoria de peso; não havia pontuação fragmentada somente wazari e ippon; e a área que conhecíamos como zona de perigo que hoje desapareceu (área vermelha) também não existia e o local de combate era demarcado por um tipo de barbante (MONTEIRO, 2007).
Os avanços foram necessários para que a modalidade voluísse. Portanto, categorias de pesos foram criadas, a cor dos judoguis (roupa para a prática ou kimono) foram alteradas – hoje temos um dos lutadores trajando azul e o outro continua de branco (mas a faixa diacrítica já havia sido uma alteração para facilitar a arbitragem).
Na década de 1990 surgiu o Hidrojudo complementando a preparação física. Os treinos deixaram de ser apenas dentro do tatame e foram para as salas de musculação, pistas de atletismo, piscinas, praias e salas de ginástica olímpica, o que permitiu mais uma evolução na preparação do atleta.
O que se tem na atualidade são equipes altamente preparadas que contam com técnicos específicos para gêneros (masculino e feminino). Algumas possuem técnicos diferentes para cada um dos pesos. Uma equipe multiprofissional atua todo o tempo demaneira transdisciplinar. São médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, nutricionistas, psicólogos, massagistas e estrategistas. Este último tem mostrado sua importância na complementação das equipes de alto rendimento.
Quem teve a oportunidade de assistir ao campeonato mundial de judô 2007, conseguiu observar que equipes de todo o mundo, procuram mapear seus atletas, realizando avaliações técnicas através de filmagens, que observam inúmeros detalhes abordando desde a biomecânica das técnicas, direcionalidade do atleta, estilo de luta, predominância dos lados, raio de ação, técnicas de preferência, estatística de combate, análise combinatória do padrão motor de rendimento do atleta a ser enfretado e consequentemente a estratégia que será adotada, entre outros aspectos que merecem uma abordagem mais aprofundada.
A busca pela diferença é feita no avanço tecnológico, já que esta representará seguramente um melhor resultado. No alto rendimento, o detalhe faz a diferença e esta faz o campeão. Enquanto diariamente há um avanço na conexão pesquisa científica e treinamento esportivo para melhorar a performance do atleta, os avanços vão sendo aplicados de maneira mais veemente na maioria das equipes de judô, seja ela infantil,
juvenil, junior, sênior, para homens e mulheres com ou sem deficiência. As perguntas que ficam são: “Será que Jigoro Kano pensou que o Judô iria tomar a trajetória descrita neste artigo em relação à evolução tecnológica?” e “Qual será o próximo passo dessa evolução no caminho da suavidade?”
juvenil, junior, sênior, para homens e mulheres com ou sem deficiência. As perguntas que ficam são: “Será que Jigoro Kano pensou que o Judô iria tomar a trajetória descrita neste artigo em relação à evolução tecnológica?” e “Qual será o próximo passo dessa evolução no caminho da suavidade?”
REFERÊNCIAS:
MATARUNA, L. Judô para todos e a competição. Disponível em: www.judorio.org.br . Acessado em: 20 de setembro de 2007.
MESQUITA, C. Ritualística do Judô. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro : FJERJ, março, 2005.
MONTEIRO, P. A História do Judô no Brasil. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro : FJERJ, 16 setembro, 2007.
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THE EVOLUTION OF TECHNOLOGY IN JUDO
Leonardo Mataruna
Researcher at the Laboratory of Adapted Motor Activity (UNICAMP), testified Program Graduate Fellowship in Physical Education-CAPES. - Mataruna@gmail.com
Leonardo Mataruna
Researcher at the Laboratory of Adapted Motor Activity (UNICAMP), testified Program Graduate Fellowship in Physical Education-CAPES. - Mataruna@gmail.com
Few people know that Baron Pierre de Coubertin and Kano communed very close to ideal. These principles are used in the philosophy of Olympism apply strongly in Judo through his sayings and doctrines of reflexive motor actions. Many economists and managers know they employ the principles of Judo to perform their training of leaders and entrepreneurs. What few people reflect on the cultural reality is where they were conceived and chronos (time) philosophy was developed.
As a philosophical question question, following the ideas de Mesquita (2005): "contemporaneity must gather the same ritual aimed at other times and culture?".
We just play and think and act in relation to the pedagogy of Jigoro Kano?
When the sport was included in the Tokyo Olympics (1964) the intention was to promote the sport to the world. When it comes to sports talk competition, and when it comes to performance for the victory, worth anything at any price. Gone are the days when people went to the Olympics just to participate, everyone is going to win, even though no chances. This is justified actually symbolic victory prescribes to obtain prestige and money.
Both are the fuel of many athletes and national Olympic committees. However when the subject is guided in the win at any cost, meets with the philosophy of de Coubertin and Kano.
At the time of deployment mode in games no one thought that women would participate in competitions or even training. At the Barcelona Games in 1992 women were allowed to participate for the first time. The same is in treating people with disabilities. In the 1970 activities began judo for disabled, mental and sensory (auditory and visual), but only in 1988 mode has been included in the Paralympic Games in 2004 for men and women with visual impairments. The first world championship in Judo and Karate for the Deaf took place between 06-07 October 1979 in Tokyo, Japan, funded by the associations of disability worldwide. However, the mode will be the first time in 21 th Surdolimpíadas summer in 2009, only 30 after their first competitive event. In 2003, Judo was included in the Special Olympics as a mode of presentation and people with Down syndrome were able to compete for the first time. This year, China will be the sport in the Special Olympics for the second time as a definitive mode. Regarding the Olympics of Lesbians and Gays (Gay Games), Judo was inserted only at the Games in Vancouver, Canada in 1990 in all the martial arts (MATARUNA, 2006).
For all people could participate were necessary adjustments, including competitions for adults (seniors) and the World Judo Championship held recently in Rio de Janeiro. In the beginning, until 1961, there was only one weight class, there was no punctuation and fragmented only wazari ippon, and the area we knew as the danger zone now disappeared (red area) did not exist and where fighting was marked by a kind of string (MONTEIRO, 2007).
The advances were necessary for the mode volume. Therefore, weight classes were created, the color of judogis (clothing for practice or kimono) have changed - today we have one of the fighters still dressed in blue and the other white (diacritic but the band had been a change to facilitate the arbitration).
In the 1990s came the Hidrojudo complementing the physical preparation. The workouts are no longer only within the mat and went to the weight rooms, athletic fields, swimming pools, beaches and gymnastics rooms, allowing more development in an athlete's preparation.
What we have today are highly trained teams that rely on specific technical genders (male and female). Some technicians have different weights for each. A multidisciplinary team works all the time transdisciplinary way. They are doctors, physiotherapists, physical trainers, nutritionists, psychologists, masseurs and strategists. The latter has shown its importance in the complementation of high performance teams.
Who had the opportunity to watch the judo world championships in 2007, could see that teams from around the world, seeking to map their athletes, performing technical evaluations through filming, which met numerous details spanning from the biomechanical techniques, directionality of the athlete, fighting style, predominant side, range, preference techniques, statistical battle, combinatorial analysis of the motor pattern of athlete's performance to be up against and therefore the strategy to be adopted among other things that deserve a deeper approach.
The search is made for the difference in technological advancement, as this surely represents a better result. In high yield, the detail makes the difference and this makes the champion. While every day there is a breakthrough in connecting scientific research and sports training to improve athletic performance, advances are being applied more strongly in most of the judo team, be it child juvenile, junior, senior, men and women with and without disabilities. The questions that remain are: "Did Jigoro Kano Judo thought it would take the trajectory described in this article relating to technological change?" And "What will be the next step of this evolution in the way of gentleness?"
REFERENCES:
MATARUNA, L. Judô para todos e a competição. Disponível em: www.judorio.org.br . Acessado em: 20 de setembro de 2007.
MESQUITA, C. Ritualística do Judô. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro : FJERJ, março, 2005.
MONTEIRO, P. A História do Judô no Brasil. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro : FJERJ, 16 setembro, 2007.
The teaching methodology developed by Jigoro Kano had some developments in them throughout history. The initial idea was to spread a pedagogy that could improve the lives of humans, reducing the differences and promoting the development of a philosophy capable of overcoming the training facilities, and that really hit the heart of the family that you had to learn the way smoothness.