segunda-feira, 2 de abril de 2012

Esperança que vem dos tatames

Judô brasileiro vive mês decisivo para a definição do time olímpico, com as últimas competições qualificatórias. Apenas duas categorias do feminino não estão classificadas


Por Ivan Drummond - Estado de Minas



De 14 categorias possíveis, o judô brasileiro já garantiu vaga em 12 nos Jogos Olímpicos de Londres’2012, com a expectativa de que o esporte mantenha a tradição de medalhas. A chance de que a modalidade bata o recorde de pódios numa só Olimpíada é grande. Uma das maiores apostas é no primeiro ouro feminino, esperança depositada na meio-pesada gaúcha Mayra Aguiar, hoje a nº 1 do ranking mundial de seu peso.

A confirmação oficial das chaves do torneio olímpico sairá dia 30, quando se encerrará o ranking. As últimas competições a contar pontos na corrida olímpica serão os torneios continentais, todos marcados para os dias 28 e 29. O Pan-Americano ocorrerá em Montreal, no Canadá. De acordo com o regulamento do Comitê Olímpico Internacional (COI), no masculino, 22 judocas se classificam, enquanto no feminino são 14.

As duas únicas categorias em que o Brasil ainda não confirmou vaga são a meio-médio e na média, ambas no feminino. Respectivamente, Mariana Silva, 19ª, e Maria Portela, 15ª, irão ao Canadá com a obrigação de pontuar. As duas, além de precisar subir de posições, têm de se preocupar em não ser ultrapassadas.

A situação de Mariana é mais complicada que a de Portela, isso porque ela terá de lutar no Pan para derrotar uma adversária específica, a cubana Yaritza Abel Rojas, a 14ª, que está 194 pontos à frente da brasileira. O Pan dará ao campeão 180 pontos. No entanto, a brasileira não tem pontos a descartar, ao contrário da cubana, que pode perder 150, o que dá a chance a Mariana.

Maria Portela também terá uma concorrente direta à vaga Olímpica em Montreal, pois a 14ª colocada é justamente uma canadense, que está 12 pontos à sua frente. O que ela precisará é terminar à frente da adversária.

Segunda chance: O desempenho do Brasil desde a criação desse ranking, semelhante ao do tênis, é impressionante. Nada menos que 10 atletas estão entre os 10 melhores do mundo. O meio-médio Leandro Guilheiro, a exemplo de Mayra, também é o primeiro colocado da categoria.

Dos judocas já classificados, Leandro Guilheiro estará tentando a sua segunda medalha. Em Pequim’2008, ele conquistou o bronze na categoria leve. Se conseguir, se igualará a Thiago Camilo, que conquistou a prata da leve, em Sydney’2000, e o bronze da meio-médio, em Pequim’2008.

A ligeiro Sarah Menezes e a meio-pesada Mayra Aguiar disputarão sua segunda Olimpíada. Já a brasiliense Érika Miranda terá a chance de realizar um sonho, já que há quatro anos ela estava em Pequim, mas foi constatada uma ruptura do ligamento cruzado do joelho esquerdo, o que fez com que fosse cortada. 

O ranking que ameaça é o mesmo que garante

Uma situação vivida por dois judocas do Minas chama a atenção. Hugo Pessanha e Luciano Corrêa ainda não tiveram as vagas confirmadas por conta dos critérios do ranking mundial. E um desses critérios beneficiará um e prejudicará o outro.

Hoje, na categoria médio, Hugo Pessanha está duas posições à frente de Thiago Camilo. A diferença de pontos é de 34 em favor do atleta da equipe mineira. No entanto, Hugo tem pontos que serão descartados até 30 de abril, enquanto que Camilo não perderá nenhum. Nenhum dos dois poderá ir ao Pan, devido a uma decisão da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), tomada há cerca de um ano.

De acordo com o presidente da entidade, Paulo Vanderlei, a decisão foi tomada para evitar que fossem cometidas injustiças. “Acordamos com clubes e atletas que, se houvesse um empate técnico, ou se algum judoca pudesse ultrapassar o outro faltando apenas uma competição para o fechamento do ranking olímpico, não enviaríamos nenhum deles.”

Mas no caso de Hugo, ele ainda poderá ficar com a vaga, não da maneira como gostaria, decidida no tatame. É que Thiago está contundido. Sofreu uma lesão ligamentar no ombro direito, da qual não consegue se recuperar. Além disso, sofre com dores na coluna cervical. Mas graças ao desempenho dos dois, o Brasil tem a garantia de um atleta em Londres.

Em contrapartida, o critério que tira Hugo da Olimpíada beneficia Luciano Corrêa. Hoje, o judoca do Minas é apenas o 21º colocado no ranking mundial, enquanto Leonardo Leite aparece na 19ª. No entanto, Luciano, que esteve contundido no ano passado, tendo ficado parado por seis meses, não tem pontos a descartar, ao contrário do rival.

Expectativa Ex-campeão m ndial, o minas-tenista se prepara para a terceira Olimpíada. “Dessa vez, quero trazer uma medalha, mas vou esperar pela confirmação do meu nome. Luciano, Leonardo e todos os outros atletas brasileiros vêm fazendo treinos com a Seleção Brasileira. A CBJ reuniu os atletas, durante uma semana, em São Paulo. Quando faltarem dois meses para a Olimpíada, haverá uma concentração permanente. A equipe nacional também viajará um mês antes do início da competição para Londres. Ficará no complexo de Crystal Palace, com a equipe de natação.