Especialista na técnica de solo, judoca foi aprovado em seu primeiro
dia na nova função
Por Gustavo Novaes Leitão - AHE! - RIO
Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, Flávio Canto estreou nesta quinta-feira como técnico de ne waza (técnica de solo) da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). O primeiro treino comandado pelo judoca aconteceu na sede de sua ONG, o Instituto Reação, no complexo esportivo da Rocinha, com a seleção brasileira feminina.
Recém-aposentado das competições, Flávio Canto explicou que a "transição" para a função de técnico de ne waza já vinha sendo conversada há dois anos com a comissão técnica da CBJ. O trabalho de "professor", no entanto, não é novidade para ele, que dá aulas no Instituto Reação há 12 anos.
- Quando meu tempo de parar estava chegando, o Shinohara, técnico da seleção masculina, conversou muito comigo. A ideia era trocar a palavra aposentadoria pela palavra transição. Queria continuar contribuindo para o judô brasileiro e continuar esse sonho olímpico com meus amigos, que já fazem parte da minha família após tantos anos viajando juntos - explicou o novo técnico da CBJ.
Acostumado a decidir suas lutas no solo, Flávio tem um plano ousado como técnico de ne waza da CBJ: transformar o Brasil na maior escola de técnica de solo do mundo.
- A primeira meta é mudar a cultura do judô brasileiro. Todo mundo tem que entender e dar mais importância à luta de solo. Temos qualidade técnica e potencial para ser a melhor escola de ne waza do mundo e falta pouco para isso.
Em seu primeiro treino à frente da seleção Flávio Canto contou com o apoio de Kyra Gracie, pentacampeã mundial de jiu-jitsu e membro da família brasileira mais tradicional no mundo das lutas.
- O Flávio é um professor excelente, então a equipe vai evoluir muito. Essa união do jiu-jitsu com o judô só tem a acrescentar. Aprendi muito no judô e quanto mais eles aprenderem o ne waza nossas chances de medalhas vão aumentar. O Flávio, já ganhou várias lutas no chão e é prova disso - explicou Kyra Gracie.
A técnica da seleção brasileira feminina de judô, Rosicleia Campos, também aprovou o primeiro treino do novo técnico da CBJ.
- Ele está aprovadíssimo. O método de ensino, a progressão pedagogica é nato nele. Ele disseca o movimento, parte do zero, então é impossível não aprender - disse Rosicleia.