Pietro e o professor Nelson Pompei, de Limeira: classe de boxe chinês tem entre 3 e 6 anos, com rápidos movimentos de braços e pernas, os doze alunos da turma de boxe chinês da Academia Shaolin, em Limeira, interior de São Paulo, chutam e socam o ar. A luta, conhecida como sanshou, palavra que significa “mãos livres”, é uma arte marcial bastante específica para o combate. Por isso, as idades de seus praticantes espantam: eles têm de 3 a 6 anos. É cedo demais para a prática de uma modalidade agressiva? Nada disso.
Tammy tem apenas 5 anos, mas desde os 4 já sabe: chutes e socos, só no tatame. As crianças nunca entram em confronto direto e exercitam os golpes em aparadores e sacos de pancada. Em pequenos gestos cotidianos, como silenciar para ouvir o professor ou aguardar sua vez para executar um movimento, ela e seus colegas assimilam o significado de disciplina, companheirismo e respeito. “Ninguém aqui ensina a bater. Eles aprendem uma técnica através de brincadeiras, de exercícios para trabalhar a coordenação motora e o lado espiritual”, explica Cássia Soares Pompei, mãe de Tammy, professora e proprietária da academia ao lado do marido Nelson Pompei, atual técnico da seleção brasileira de boxe chinês.
Para Cássia, o aprendizado das aulas estende-se à rotina de Tammy. “Além de aprimorar a coordenação motora, o boxe proporciona um gasto de energia necessário a crianças dessa idade. Ela passou a dormir melhor e ficou menos agitada”, diz. “O Pietro também aprendeu muito com o boxe. Passou a ser mais concentrado. Obedece melhor, respeita limites e passou a entender que ajudar o outro é fundamental”, completa Lídia Canvian, mãe do pequeno boxeador que divide o tatame com a menina.
As meninas são maioria na turma – e também as mais beneficiadas pela prática. Para a psicóloga Vera Sugai, praticante de judô e estudiosa das artes marciais, o suposto caráter masculinizador das lutas marciais é totalmente ultrapassado. “Por meio dessas artes, a menina ou mulher penetra num mundo que não é o dela. Quando fazemos parte deste universo marcial, temos que ser mais rápidas, objetivas. As conexões neurais aumentam e ampliam nossas percepções. Com isto, ficamos mais inteligentes e equilibradas”.
O estímulo à prática de uma luta costuma vir dos pais. Lucas, por exemplo, tem 3 anos e meio e, apesar da pouca idade, o pai, praticante de karatê, não hesitou em matriculá-lo no judô. “Esta arte é mais que um combate. É uma filosofia de vida, envolve o respeito ao próximo, o companheirismo, a superação dos próprios limites e de frustrações. É uma arte que ajuda na formação do caráter”, argumenta o pai, Pedro Paulo Allbio.
Para garantir um ambiente saudável e adequado ao filho, Pedro Paulo visitou cerca de sete academias até encontrar a ideal. “Assisti as aulas, conversei com o professor, com o proprietário. Percebi que são profundos conhecedores daquela arte e que, além do foco filosófico, tinham também profissionalismo para lidar com crianças”, conta. “Ludicidade, adaptação dos movimentos e a não indução à violência e competitividade também foram fundamentais na minha escolha”, diz o pai.
É preciso garantir que a escola de luta incentive a disciplina, não a violência. “As artes marciais sempre tiveram um papel fundamental na educação e constituição do caráter do ser humano. Se há uma pedagogia e filosofia no ensinamento, a criança não compreende os movimentos como um instrumento de agressividade”, explica o pedagogo e professor de judô Sumio Tsujimoto, da Kitô Academia de Artes Marciais.
A fórmula funciona na academia de Limeira. “Nunca tivemos reclamação de pais em relação aos filhos terem aplicado chutes ou socos em coleguinhas da escola”, diz Cássia.
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Children who practice martial arts are less aggressive and more disciplined
Pietro
and Teacher
Nelson Pompei
, Limeira: Chinese boxing class has between 3 and 6 years with rapid movements of arms and legs, the twelve students in the class of Shaolin Chinese Boxing Academy, in Limeira, São Paulo, kick and punch air. The battle, known as sanshou, a word that means "hands free" is a martial art specific enough for combat. Therefore, the ages of its practitioners amazing: they have 3 to 6 years. It's too early to practice an aggressive mode? None.
Tammy has just five years, but since the four already know: kicks and punches, only on the mat. The children never come into direct confrontation and exercise the strikes in lawn and punching bags. In small daily gestures, like silence to listen to the teacher or waiting their turn to execute a move, she and her colleagues assimilate the meaning of discipline, comradeship and respect. "Nobody teaches you how to beat here. They learn a technique through games, exercises to work coordination, and spiritual side, "says Pompei Cassia Smith, Tammy's mother, teacher and owner of the gym with her husband Nelson Pompei, current coach of the Brazilian of Chinese boxing.
To Cassia, learning the lessons extends to routine Tammy. "In addition to improving motor skills, boxing provides an amount of energy used for children that age. She began sleeping better and was less agitated, "he says. "Pietro also learned a lot from boxing. Became more concentrated. It adheres better, respect limits and began to understand that helping others is crucial, "added Lydia Canvian, mother of the little fighter that splits the mat with the girl.
Most girls are in class - and also the most benefit from practice. For the psychologist Vera Sugai, studious practitioner of judo and martial arts, the supposed masculine character of the martial arts is totally outdated. "Through these arts, the girl or woman into a world that is not hers. When we are part of this universe-martial, have to be more rapid, objective. The neural connections increase and expand our perceptions. With this, we are more intelligent and balanced. "
Encouraging the practice of a fight usually comes from parents. Lucas, for example, has 3 ½ years and, despite her young age, his father, practicing karate, did not hesitate to enroll him in judo. "This art is more than a fight. It is a philosophy of life, involves respect for others, fellowship, overcoming their own limits and frustrations. It is an art that helps in the formation of character, "says the father, Pedro Paulo Allbio.
To ensure a healthy environment and appropriate to his son, Peter Paul visited seven academies around until you find the ideal. "I attended the classes, the teacher talked with the owner. I noticed that they are deeply knowledgeable about art and, in addition to the philosophical focus, professionalism also had to deal with children, "he says. "Playfulness, movement and adaptation of non-inducing violence and competitiveness have also been instrumental in my choice," says the father.
We must ensure that the school encourages fighting discipline, not violence. "The martial arts have always played a key role in the education and formation of human character. If there is a philosophy and pedagogy in teaching, the child does not understand the movement as an instrument of aggression, "says educator and teacher of judo Sumio Tsujimoto, Kito's Martial Arts Academy.
The formula works at the Academy of Limerick. "We never had a complaint from parents to their children that they had applied kicks or punches classmates in school," says Cassia.