Por Ananda Rope - Correio Braziliense
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A pedido do Correio, as meninas, com os uniformes característicos de suas modalidades, foram ao salão colocar a vaidade em dia: delicadeza contra o preconceito |
A idéia de que a mulher não tem força suficiente para lutar e tem vaidade demais para abrir mão de caprichos pelo esporte é antiga e já não convence mais. No Dia Internacional da Mulher, as atletas Camila Côrte, 20 anos, e Isadora Pereira, 15, afirmam que ainda existe preconceito, por mais surreal que possa parecer, mas que lutam para acabar com o estigma. Carateca desde os 12, Camila sempre gostou de se embelezar e levou isso para o esporte. Hexacampeã brasileira, vice-campeã sul-americana e bronze no Pan-Americano de Caratê, ela se prepara para disputar o Mundial da modalidade no ano que vem. Entre competições e treinos diários, a atleta não deixa de lado os cuidados com a imagem, que chegam a R$ 500 por mês.
“São gastos com cremes de hidratação, já que passo chapinha nos cabelos todos os dias, manicure e pedicure, maquiagem à prova d'água. Não abro mão desses cuidados. Tem gente que nem acredita que sou carateca. Assim como eu, outras atletas também gostam de se arrumar. Ainda associam o esporte à masculinidade e a gente procura mudar essa imagem. Acredito que, com o tempo, as pessoas entenderão que vaidade não está ligada à força e ao potencial”, torce a atleta, que não sobe ao pódio sem dar uma conferida no espelho.
Conformada em não poder visitar o salão de beleza com a mesma frequência de Camila, a judoca Isadora Pereira confessa que aproveita as férias para deixar as unhas crescerem e pintá-las. “Como o judô é uma luta de pegada, não dá para ter frescura com as unhas. Elas devem estar sempre curtas e só. Prendo o cabelo para treinar e o suor deixa o cabelo molhado e marcado, por conta do prendedor. A única vaidade acaba sendo o cabelo. Lavo e escovo sozinha todos os dias e, no fim do processo, passo uma chapinha. Maquiagem fica do lado de fora do tatame. Uso sempre rímel, delineador e lápis nos olhos, mas só para ir ao colégio”, diz.
Ela, que vestiu o quimono pela primeira vez aos 10 anos, confessa que ficou mais vaidosa depois que entrou para o judô. Prova de que os cuidados não influenciam no rendimento dentro do shiai-jô (área de luta), Isadora coleciona títulos como campeã sul-americana juvenil, vice-campeã brasileira escolar, bicampeã regional e se prepara para representar o Brasil no Circuito Europeu Juvenil, em abril. “Por ser mais masculino, quis mostrar que eu era menininha. Dentro do tatame “viro” homem, porque me desligo de qualquer vaidade e foco na luta. Não dá para ficar cheia de cuidados e esquecer do principal, que é o confronto.” O pai confirma: “Quando ela começou era bem moleca.
Ela entrou no judô com o intuito de competir com o irmão. Ela não tinha tanto cuidado com a imagem e com o tempo trabalhamos isso nela. Não pode perder a feminilidade.”
Tão cuidadosas com as madeixas, as duas comentam as limitações que praticantes das artes marciais do sexo feminino enfrentam. “O cabelo não pode ser muito curto para não ficar difícil de prender. A franja não pode estar grande para não cair no rosto e atrapalhar na hora da luta”, lembra Camila. “Não é permitido usar adereços metálicos, como grampos e presilhas nos cabelos para evitar que a adversária se machuque. Brincos, pulseiras e colares ficam de fora do tatame”, completa Isadora. E mesmo com tantas negativas, a resposta das duas sobre se todas essas proibições as desanimam no esporte, é a mesma: não.
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Women who compete on the mats prove that claw and vanity go hand in hand
The idea that women do not have enough strength to fight and has too much pride to give up the sport of caprice is already old and no longer convincing. On International Women's Day, the athletes Camille Corte, 20, and Isadora Pereira, 15, say there's still prejudice, however it may seem surreal, but fighting to end the stigma. Karate since he was 12, Camille always liked to embellish and took it for the sport. Hexacampeã Brazilian runner-up South American and bronze in the Pan-American Karate, she prepares to compete in the World of the sport next year. Enter competitions and daily training, the athlete does not leave aside the treatment with the image that comes to $ 500 per month.
"They are spending hydrating creams, as they step in the hair flat iron every day, manicure and pedicure, makeup waterproof. I do not give such care. There are people who do not believe I'm karateka. Like me, other players also like to dress up. Still associate the sport with masculinity and we try to change that image. I believe that, over time, people will realize that vanity is not linked to the strength and potential, the athlete twists, which does not reach the podium without taking a look in the mirror.
Resigned to not be able to visit the salon with the same frequency of Camilla, judoka Isadora Pereira admits that leverages the holidays to let your nails grow and paint them. "As judo is a struggle for grip, you can not have freshness on the nails. They should always be short and only. Hold the hair to train and sweat leaves your hair wet and marked, due to the catch. The only vanity ends up being the hair. I wash and brush alone all day and at the end of the process, step one chap. Makeup is outside the mat. I always use mascara, eyeliner and eye pencil, but only to go to college, "he says.
She, who wore a kimono for the first time at age 10, admits that he was more vain after he joined the judo. Proof of that care do not influence the income within the Shia-jo (fight area), Isadora collects titles like South American champion juvenile, runners-up Brazilian school, regional and twice champion prepares to represent Brazil in the European Circuit Juvenile in April. "By being more masculine, I wanted to show that I was a little girl. Within the mat "turn" man, because I get out of any vanity and focus on the fight. You can not stay full of care and forget the main, which is confrontation. "The father confirms:" When she started was very tomboyish.
She entered the judo in order to compete with his brother. She did not much care to the image and the time that it worked. Can not lose their femininity. "
So careful with the locks, the two comment on the limitations that practitioners of martial arts female face. "The hair can not be too short to not be difficult to hold. The fringe can not be great not to fall in the face and hinder fight time, "recalls Camilla. "You can not use metal props, such as staples and clips in their hair to prevent the opponent gets hurt. Earrings, bracelets and necklaces are off the mat, "he adds Isadora. And even with so many negative, the response of two on all these prohibitions discourage them in the sport, is the same: no.