Do UOL, em São Paulo
Enquanto o judô brasileiro vive uma fase tensa por conta da briga interna pela vaga olímpica, Leandro Guilheiro aproveita a boa fase. Mesmo sem entrar no tatame, ele vive a expectativa de ser o primeiro brasileiro a assumir a ponta do ranking mundial desde que a lista se tornou critério de classificação para os Jogos de Londres.
A matemática foi feita pelo próprio Leandro Guilheiro, hoje segundo do mundo na categoria -81 kg. O ranking do judô funciona em um esquema parecido com o do tênis, e pontos por resultados antigos vão sendo descartados ano após ano.
Até o fim de fevereiro, o sul-coreano Jae-Bum Kim, líder, deve perder pontos referentes a conquistas de anos anteriores. Se o terceiro colocado Elnur Mammadli, do Azerbaijão, não tiver um desempenho acima da média no período, Leandro Guilheiro deve assumir a ponta por conta dos resultados mais recentes. Nada que tire o sono do judoca.
“Não faz diferença para mim. Esse é um lance emocional de competição. É até positivo. Se acontecer vai ser legal. Mas mesmo sem isso, nessa Olimpíada já tem uma expectativa grande em cima de mim”, disse Leandro Guilheiro.
A situação do judoca, dono de dois bronzes olímpicos e praticamente certo em Londres, destoa bastante da que vive parte da seleção. Tiago Camilo, outro que é dono de duas medalhas (uma de prata e outra de bronze), está em uma disputa palmo a palmo com Hugo Pessanha.
O sistema de classificação garante 22 atletas (14, nas categorias femininas) diretamente em Londres. Cada país, no entanto, só pode ter um representante. Para garantir a vaga, os judocas vivem uma disputa interna como a de Tiago e Hugo, quinto e sexto colocados nas categorias -90 kg.
“Eu sempre tive grandes adversários. Quando a gente entra no tatame, todo mundo quer vencer. Eu nunca tive inimizade com ninguém no judô. O mais importante de tudo é ser humilde”, disse Tiago Camilo.
“Me sinto honrado com essa disputa. Amanhã ou depois vou dizer que treinei com um cara que tem duas medalhas olímpicas. Começou a competição a gente é adversário. Quando acabou a gente conversa normalmente”, disse Hugo Pessanha.
Além dos dois, pelo menos mais três categorias estão em estágios parecidos. No -60 kg, Felipe Kitadai é o 15º e Breno Alves o 23º. No -100 kg, Luciano Correa é o 17º, com Leonardo Leite na 22ª colocação. Já no peso pesado (mais de 100 kg), Rafael Silva é o quinto enquanto Daniel Hernandes é o décimo.
Leandro Cunha (6º na -66 kg) e Bruno Mendonça (10º na -73 kg), além do próprio Guilheiro, enxergam os rivais brasileiros de longe e também estão quase certos.