Em entrevista exclusiva ao CRAQUE ele contou que precisou tirar várias pedras do caminho para chegar ao ouro olímpico
Por Adan Garantizado
A Crítica.com - CRAQUE
A primeira medalha da carreira do judoca Rogério Sampaio divide espaço com o ouro olímpico
Um grande drama familiar, as retaliações por protestos contra a Confederação, e o tortuoso caminho para se tornar um medalhista olímpico. Todos esses problemas cruzaram o caminho do judoca Rogério Sampaio durante sua carreira. Mas, ele não se abateu. Rogério chegou aos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) como um ilustre desconhecido e saiu de lá com a única medalha de ouro individual conquistada pelo Brasil em terras espanholas. O campeão olímpico da categoria meio leve em 92 (a última medalha de ouro conquistada pelo judô brasileiro em Olimpíadas) é sinônimo de superação. Ele recebeu a equipe do CRAQUE, em Santos-SP, e relembrou alguns detalhes do ouro olímpico.
Os dois anos que antecederam os Jogos de Barcelona foram complicados para Rogério. No final de 89, ele aderiu a um movimento de oposição à Confederação Brasileira de Judô, que pleiteava melhores condições para a modalidade no Brasil. Como represália, A CBJ afastou os “rebeldes” das competições internacionais por dois anos e meio. O maior golpe, porém, viria um ano antes das Olimpíadas. Em abril de 1991, ele perdeu o irmão Ricardo, que também era judoca e o acompanhava desde os primeiros passos nos tatames.
“Ele foi meu ídolo. Competíamos na mesma categoria e nos desenvolvemos no esporte. Foi um momento de muita dor. Mas essa dor fez eu me dedicar ao extremo nos treinamentos. Precisava ter alguma situação que me fizesse bem naquele momento”, relembra emocionado. Em abril de 92, Rogério carimbou o passaporte para Barcelona.
O santista era o nome menos badalado do grupo de sete judocas brasileiros e chegou na Espanha competindo com quimonos emprestados. Ele ainda precisou enfrentar uma rigorosa dieta para “bater o peso”. No dia em que conquistou o ouro olímpico, Rogério se alimentou apenas com dois pêssegos e um sorvete. A força de vontade, porém, era gigante. E os adversários foram caindo um a um. O português Augusto Almeida, o sul-coreano Sang-Moon Kim, o argentino Francisco Vivas, o Alemão Udo Quellmalz (atual campeão mundial) e o húngaro Jozsef Csak não conseguiram parar o brasileiro.
“O prazer de ganhar a medalha de ouro é igual em qualquer situação. Mas tudo o que aconteceu comigo nesse processo me fortaleceu”, destaca Rogério, que vai comentar o Judô na Record.
Rogério Sampaio - Judoca campeão olímpico nos jogos de Barcelona, 92
1 Valeu à pena ter participado do “boicote” à CBJ nos anos 90?Sem dúvidas. Era um movimento necessário. Fico satisfeito quando vejo o nível de profissionalismo que o judô brasileiro atingiu. Vamos a Londres com condições de disputar cinco ou seis medalhas. Há 20 anos não era assim. Quando cheguei na Seleção pensava que tudo seria maravilhoso. Mas, viajávamos para o exterior sem médico, sem preparador físico. Não tínhamos sequer tatames de qualidade no Brasil. Era preciso uma outra estrutura. Por isso, o Aurélio Miguel liderou esse movimento e eu aderi.
2 Quem são os atletas brasileiros em Londres com chances de conquistar medalhas de ouro?Entre os homens, o Leandro Guilheiro que é o número dois do mundo. As mulheres também vem fortes. A Mayra Aguiar é a melhor do mundo na categoria dela, a Sara Menezes, piauiense é extremamente determinada e a Rafaela Silva também chega forte. Os quatro podem trazer o ouro. E o judô brasileiro pode também surpreender. Alguém que não é favorito, de repente, pode conquistar medalha. Todo atleta que sai daqui é muito forte.
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