sábado, 13 de agosto de 2011

Defesa de judoca critica notificação de doping por e-mail e culpa suplemento roubado


Alexandre Sinato
UOL Esportes - Lutas - São Paulo
A defesa da judoca Taciana Lima, flagrada em antidoping com a presença do diurético furosemida, aponta uma série de imperfeições no processo encaminhado pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e culpa um suplemento que teria sido roubado durante a etapa de São Paulo da Copa do Mundo, quando ela testou positivo.

Furosemida: a mesma do caso Cielo

  • Divulgação/CBJ
    A furosemida encontrada no exame de Taciana foi a substância que causou o doping de Cesar Cielo, Henrique Barbosa, Nicholas Santos e Vinicius Waked. Eles testaram positivo para o diurético em maio e foram apenas advertidos pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
    A federação internacional pediu uma suspensão de seis meses para os nadados, mas a Corte Arbitral do Esporte (CAS) manteve a advertência, decisão questionada por alguns nadadores e que permitiu que Cielo competisse normalmente no Mundial de Xangai, onde ele ganhou duas medalhas de ouro.
    A Agência Mundial Antidoping enquadra a furosemida na categoria S5 (diuréticos e mascarantes). A punição para seu uso vai de advertência a dois anos de suspensão.
Segundo o advogado contratado para defende-la, George Daudt Wieck, Taciana foi avisada do resultado positivo de maneira estranha: a CBJ mandou um e-mail na última sexta-feira com a notificação. O documento, porém, não informa a concentração de furosemida que foi encontrada e não possui a assinatura da bioquímica responsável pela análise em laboratório no Canadá.
“Não foi enviado nenhum comunicado formal como exige o CBJD [Código Brasileiro de Justiça Desportiva]. O e-mail até dificulta o início da contagem de prazo de defesa, porque ele foi enviado na sexta-feira passada, mas ela só foi abrir sua caixa de mensagens na última terça-feira, então fica difícil estabelecer os sete dias que temos direito. Mesmo assim vou mandar a defesa até amanhã [sexta], mas já com um pedido de reabertura de prazo”, explicou.
O advogado também questiona a ausência de detalhes do exame no resultado mandado para Taciana. Ele não sabe qual foi a concentração de furosemida, mas diz que a densidade da urina estava dentro do padrão. “A furosemida mascara a presença de substâncias proibidas, mas a urina da Taciana não estava mais diluída que o normal. Ou seja, ela não mascarou nada.”
A defesa da judoca também alega que um dos suplementos usados por ela sumiu durante a etapa de São Paulo, no final de junho. Um boletim de ocorrência foi registrado na época. A atleta usa sete tipos de suplementos, três feitos em farmácia de manipulação, quatro industrializados. O que sumiu foi o Dextrose, industrializado. Segundo Taciana, a embalagem de Dextrose sumiu de sua mochila na área de aquecimento enquanto ela lutava e conquistava o bronze
“Estamos levando isso para a confederação para tentar apurar o caso. Tudo que ela tomou no torneio foi acompanhado pela nutricionista da competição. Esse suplemento que desapareceu pode ter sido contaminado. Essa é nossa suposição”, argumentou George Wieck.
Os demais seis suplementos foram encaminhados para um laboratório que analisará uma possível contaminação. Taciana alega não saber como a furosemida entrou em seu organismo.
A judoca tem 27 anos, é formada em educação física, faz pós-graduação e testou positivo pela primeira vez na carreira. “Ela, inclusive, nem precisava da terceira colocação porque já tinha os pontos necessários. A Taciana passou mal antes da última luta. Se ela tivesse tomado algo, poderia simplesmente não competir, até porque todos sabem que os três primeiros vão para o antidoping”, completou o advogado.

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