Da periferia de Macapá para os tatames, atleta das Olimpíadas Escolares coleciona títulos, como tetracampeonato amapaense e bronze no Brasileiro
Por Ana Carolina Fontes - globo.com
A vida de Samila Receba poderia ter tomado um rumo totalmente diferente
se o judô não tivesse cruzado o seu caminho. Desde pequena, ela sofria
de um problema no coração que dificultava a sua respiração. Um dia,
resolveu conhecer um projeto social perto de casa, onde teve o primeiro
contato com as artes marciais, aos 10. Quatro anos depois e praticamente
curada, a menina da periferia de Macapá passou a colecionar importantes
títulos nos tatames.
Tetracampeã amapaense e medalhista de bronze no Campeonato Brasileiro
sub-15, a judoca aparece como uma das promessas do estado na modalidade.
Na etapa nacional das Olimpíadas Escolares, em Poços de Caldas (MG),
para atletas de 12 a 14 anos, terminou na sexta colocação pela categoria
leve (-48kg).
No início da carreira, Samilia precisou vencer a resistência da mãe,
preocupada com o seu quadro de saúde, que poderia se agravar. Mas a
prática da atividade física fez exatamente o contrário e Dona Merian
tornou-se uma das principais incentivadores da menina, ao lado do mestre
Antônio Viana.
- Eu comecei a me interessar pelo judô no projeto, mas a minha mãe não
queria que eu fizesse por causa do meu problema no coração. Tinha muita
dificuldade de respiração, sentia falta de ar e, às vezes, ficava dois
minutos sem respirar. Depois que eu entrei no judô, melhorei bastante,
só pioro em clima frio e seco. Gosto até de ir à pé para a academia,
parece longe, mas é perto, são 30 minutos de caminhada. O esporte fez
muito bem para minha saúde.
Sexta colocada na categoria leve (-48kg) das OEs, Samila posa em Minas Gerais (Foto: Ana Carolina Fontes)
Atualmente, a judoca de 14 anos treina na Academia Integrada de
Formação e Aperfeiçoamento (AIFA), que atende crianças e adolescentes de
áreas de risco, nos bairros de Marabaixo, Cabralzinho, Goiabal e Lagoa
dos Índios. Logo no primeiro ano de academia, Samila fez sua primeira
viagem. O destino foi o Pará, onde disputou a Copa Paragominas de 2008.
- Eu nunca tinha saído do Amapá, foi a primeira vez que eu viajei, e
logo para uma competição. Fui preparada, mas acho que senti a falta de
experiência e acabei ficando em segundo lugar. Em 2010, eu tive a chance
de fazer outra viagem, mas não consegui dinheiro para viajar e o meu
irmão, Leomario, acabou indo. No ano passado, nós dois nos classificamos
para o Regional Norte Nordeste, mas foi a minha vez. A gente fica se
revezando. A nossa mãe está sempre nos ajudando como pode, desde as
inscrições aos equipamentos e até nas viagens - finalizou.
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