sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O PAPEL DO TÉCNICO NO PROCESSO ORGANIZACIONAL DE TREINAMENTO

O planejamento do treino, para que o trabalho do treinador possa ser estruturado e efetivado deverá ser feito previamente no início de cada temporada. Podemos dizer que o treinador deve seguir:

A-Definição de objetivos
B-Elaboração do planejamento de treino
C-Execução prática
D-Controle das fases do treinamento

Mediante o exposto, podemos afirmar que o treino improvisado e não fundamentado, tende a desaparecer, sendo que, para sua fundamentação e inovação busque-se apoio interdisciplinar em outras áreas das ciências humanas. Tanto as ciências biológicas (Fisiologia, Anatomia, etc.) como as do comportamento (psicologia, sociologia, etc.) fornecem ao treinador uma base gigantesca de conhecimento, e consequentemente, planificação do tema. Não podemos nos esquecer das ciências de aplicação, que podem dar subsídios e apoio ao planejamento do resultado, como a estatística, a utilização de meios de informática, engenharia de sistemas, entre outras. 

Naturalmente que o maior ou menor grau de conhecimento do treinador, destas ciências, assim como da técnica especifica da modalidade, permitirá planejar e atuar com maior ou menor controle no rendimento e resultado. Sob esta ótica, tudo o que significar atualização de conhecimentos e formação permanente, tem repercussões, não só no planejamento do treino, mas também no trabalho efetivo. E, em função dos resultados que se pretende atingir, podemos planificar a temporada no seguinte enquadramento:

1-calendário de competições
2-definição de objetivos
3-planejamento do treino: diário, semanal, mensal, semestral, anual e pluri-anual.

Desta forma, o treinador pode observar desvios de objetivos traçados e caso necessário criar estratégias, com força tarefa, onde o objetivo final seja alcançado. 

A análise da situação ou do cenário a ser vivido, é que podemos iniciar a atuação em todos os fatores que condicionem o seu trabalho. De forma simplificada, creio que estes possam ser agrupados na seguinte forma:

a- COM RELAÇÃO AOS ALUNOS

Numero de judocas envolvidos, idades, tempo de prática, categorias, alimentação, dedicação ao treino, nível físico e técnico, grau de motivação.

Os judocas são em primeira instância o motivo do treino e da competição. Que, pela sua importância condicionará todo o trabalho do treinador.

Que tipo de alunos tenho eu? 

Esta é a pergunta que todo e qualquer treinador deve fazer a si mesmo, quando se inicia uma temporada de competições.

Esta questão que aparentemente estaria resolvida no inicio da temporada com a observação da maturidade e potencialidade demonstradas pelos judocas, deverão ser mantidas durante todo o período ou temporada, não podendo, portanto abrir mão dos objetivos traçados e da disciplina quanto a controle de peso, freqüência em treinos etc.etc., para que não haja distorções relevantes naquilo o que fora planejado. 

De certa forma, podemos dizer que os judocas competidores, deverão estar alinhados com o planejamento, conhecendo os objetivos traçados, de forma que ele se sinta parte do contexto e não somente um instrumento garantidor da possibilidade de uma conquista. Um mapeamento constante, diário se possível, deve ser feito acerca de um comparativo entre os objetivos traçados, e o resultado do treino, colhendo-se inclusive a opinião do judoca envolvido quanto à forma de treinamento. 

Estatisticamente em treinos livres, e em observação a resultados de adversários nas, mas diversas competições da temporada, podemos ter também como apontamentos o que nos interessa no caso vertente observação técnica:

Kumikata – (ambos os lados)
Ações ofensivas e defensivas
Local das competições
Quem tem a iniciativa do combate
Percentual de técnicas mais utilizadas: de projeção, imobilização, luxação, estrangulamentos.

B-COM RELAÇÃO ÀS INSTALAÇÕES E MATERIAL DE APOIO

As condições materiais existentes são outras tantas condicionantes de objetivos e de atuação a ação a ser desenvolvida pelo treinador. É evidente que se o treinador tem a sua disposição apenas uma pequena área, deverá limitar-se a quantidade de judocas afim de não perder em qualidade de resultado. E ainda, aparelhos auxiliares de musculação e condicionamento físico, podem significar facilitadores e aceleradores do processo de alta performance.

C- COM RELAÇÃO AOS COLABORADORES E ASSISTENTES 

O treinador poderá ter colegas de outros setores trabalhando com ele, com objetivo do foco a ser atingido: Fisioterapeutas, Profissionais de educação física, nutricionistas, psicólogos, etc., onde se estuda a hipótese de formação de grupos de trabalho, divisão de tarefas e coordenação da formação dos judocas. Todavia, estes colaboradores poderão ou não participar do trabalho, em função principalmente de patrocínio ou estrutura financeira do clube ou academia onde determinado treinador ministra suas aulas de judô. Normalmente grandes centros urbanos, detêm grandes clubes, o que faz dispontar mais rapidamente judocas de alto rendimento.

D-COM RELAÇÃO A OUTROS CLUBES

O nível de outros clubes e de seus judocas devem ser observados. A possibilidade de intercâmbios. Esta análise, não deverá ser estática, mas sim, muito dinâmica. Como resultado, o treinador não deve se limitar a caracterizar a sua situação de trabalho, e sim, com a obrigação de modificar desvios de percurso, para que se atinja o objetivo traçado. 

O treinador não pode aceitar de forma passiva e resignada os resultados baixos porventura por sua equipe atingidos, embora esta seja certamente a forma mais cômoda de estar e até justificar insucessos. 

O treinador tem que ser um líder, um ativista, dinamizando seus atletas e toda a estrutura, no sentido do desenvolvimento do judô. 

Concluindo, tudo o que foi exposto, não pode em hipótese alguma, levar ao desrespeito de condições próprias do judoca. Estimular, impulsionar, motivar sim, sempre... obrigar, jamais! 

O verdadeiro líder é aquele que está à frente de seu grupo, abrindo caminho para que todos passem, e cobrando resultados dos que se propuseram a andar, e não andam, devera analisar o ocorrido, e o que pode ser feito para alinhar novamente com este judoca destoado dos objetivos do grupo. 

As conquistas pertencem ao grupo, e não unicamente ao treinador. Um treinador não é absolutamente nada, sem seus alunos. Portanto, ser líder, e, sobretudo amigo do grupo é fundamental para obtenção de resultados.

POR: Prof. Luiz Carlos F. Souza - 5º Dan de Judô Kodokan
FONTE: LIGA DE JUDÔ DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Filiado a LIJUERJ
JUDÔ ESCOLA NIPPON
Petrópolis - RJ - Brasil
www.judoescolanippon.blogspot.com

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