terça-feira, 17 de maio de 2011

Disciplina para formar campeões


Rede Bom Dia - 
Cristina Camargo

Carregado de títulos, o professor Marinho Estevesrealiza no Sesi - Bauru o sonho de treinar atletas com a estrutura necessária

Cristiano Zanardi/Agência BOM DIAMarinho (à frente) luta com Davi, um dos atletas que treina de olho nas Olimpíadas: trajetória de campeão e estilo exigente com os alunosMarinho (à frente) luta com Davi, um dos atletas que treina de olho nas Olimpíadas: trajetória de campeão e estilo exigente com os alunos
Para mostrar tudo o que sabe e, ao mesmo tempo, posar para as fotos desta matéria, o professor e técnico de judô Marinho Esteves Moreira Júnior, 34 anos, escolheu como parceiro um menino que fez precocemente uma escolha corajosa.



Davi Kalede é de Maceió (AL), mas treina judô em Bauru. Aos 15 anos, mudou sozinho, com autorização da família, por causa da estrutura oferecida pelo Sesi para o esporte. Acaba de conquistar o título de campeão paulista, na categoria meio leve. É uma das promessas do Projeto Esporte de Rendimento do Sesi, que tem objetivo ambicioso: formar atletas olímpicos.
Para isso, os esportistas recebem toda a estrutura material, inclusive para as viagens de competições. E contam com um professor que acumula vitórias e mostra de cara no que acredita: a disciplina. 
Marinho está na cidade há dois anos para preparar os atletas. Tem na ponta da língua os resultados já conquistados: uma atleta na seleção juvenil de judô, um campeão brasileiro regional, dois vices-campeonatos regionais, o campeonato paulista, vencido por Davi, além de duas medalhas de prata e  cinco de bronze, na mesma disputa estadual.
O professor começou no judô aos 7 anos e, até os 17, dividiu o tempo entre o tatame e os campos de futebol. Optou pelo judô por motivos práticos: como lutador, teria a oportunidade de fazer faculdade, por meio de uma bolsa de estudo.
Marinho não perdeu tempo. Cursou educação física ao mesmo tempo em que treinava e vencia campeonatos. Aos 18 anos, acumulava ainda o serviço militar. Foi uma época em que colocou à prova, com sucesso, a garra que aprendeu no esporte. “Saía de casa às 5h da manhã e voltava às 23h”, lembra.
Mesmo assim, concluiu a faculdade como o melhor aluno e saiu do Tiro de Guerra como um dos dez melhores atiradores.
As disputas olímpicas almejadas para os meninos e meninas que treina foi também seu sonho. Marinho chegou a ficar entre os  selecionados e competiu bastante pela seleção brasileira. Foi campeão mundial, conquistou medalhas de ouro em Pan-americanos e no Sul-Americano, além de vários títulos regionais e brasileiros.
Participou de estágios técnicos no Japão, Alemanha, Estados Unidos e França. Só na Universidade de Tenri, no Japão, passou dois meses.



Uma experiência que serve para ele garantir: a vivência fora do país é importante para o desenvolvimento de um atleta.

Trabalho /Aos 25 anos, no entanto, depois de ter passado um período no Clube Pinheiros e ter feito pós-graduação em São Paulo, resolveu que era hora de trabalhar como professor.
Ficou sete anos como diretor esportivo da prefeitura de Guararapes, sua cidade natal. O projeto de judô implantado por ele chegou a ter 400 alunos e um ginásio próprio.
“Fizemos seis campeões paulistas”, recorda.
Agora, no Sesi, diz viver um antigo sonho: o treinamento de atletas com toda a estrutura necessária. E um grupo de jovens que promete muito sucesso. “Sabem o que querem”, diz.
Eles treinam diariamente, durante cerca de quatro horas. Marinho é um professor exigente, como aprendeu com seus mestres.
“Precisa ser bom em tudo, não apenas no esporte”, costuma dizer às crianças e aos adolescentes. Isso inclui boas notas na escola e bom comportamento dentro de casa. “Cobro, mas tenho uma relação aberta com eles”, completa.
A volta às competições, agora como master, está nos planos de Marinho. A mulher e a filha dele, de 8 anos, inclusive, cobram o retorno. Sabem como é feliz no tatame.
Quem é e o que faz:
Nome: Marinho Esteves Moreira Júnior 
Idade: 34 anos
Conquistas como atleta: duas vezes campeão mundial meio leve, uma vez campeão mundial absoluto, três vezes campeão mundial por equipe, cinco medalhas de ouro em Pan-americanos, três medalhas de ouro em Sul-americanos, cinco títulos  brasileiros, cinco títulos brasileiro por equipes, cinco títulos paulista, dez vezes campeão dos Jogos Regionais e uma vez dos  Abertos
Alunos: 36, no alto rendimento

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