terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Judocas esquecem férias para tentar conquistar vaga na Seleção Brasileira

A tradicional viagem de férias para o litoral terá que ficar para depois. Neste início de 2011, o brasiliense Vinicius Sakamoto, 18 anos, trocou o descanso pelo treinamento intensivo no dojô (tatame). O motivo do sacrifício? A seletiva que acontecerá em Brasília, em 5 de fevereiro, e que visa selecionar os quatro melhores judocas do país em cada uma das 14 categorias olímpicas para montar a Seleção que representará o Brasil na disputa do Circuito Europeu Sub 20.

“É a minha principal meta para 2011. Quero muito vencer e estou confiante”, diz Sakamoto. “No Mundial Júnior (em outubro, no Marrocos), não consegui o resultado que almejava. Mas amadureci bastante. Voltei com a consciência de que tinha que melhorar a parte física e também a técnica. Intensifiquei meu treinamento e tenho dado tudo de mim para chegar bem na seletiva.”

Além da seletiva júnior, haverá outra, no dia 29 deste mês, em São Paulo (SP), para escolher os ocupantes das vagas C e D da Seleção Brasileira. “Também participarei da seletiva do dia 29. Mas o foco é o Circuito Europeu”, reforça Sakamoto, que tem treinado em quatro locais para aprimorar a técnica. “Às segundas, quartas e sextas, treino chão com o Takashi Haguihara, das 7h às 9h. Depois, treino a parte técnica com o Arrais, das 10h às 12h, e das 14h às 18h. Aí, faço handori (simulação de luta) na Academia Peixoto, com o sensei Luciano Gonçalves, das 19h30 às 21h30. Às terças e quintas faço handori das 19h30 às 21h30 na Católica, com o professor Eduardo. O negócio, agora, é focar no volume de treinamento”, explica.

No mesmo ritmo, mas 100% focado na seletiva de São Paulo, Lucas Almeida, 19 anos, está decidido a garantir um lugar no time nacional. Ele, que assim como Sakamoto já sentiu o gostinho de representar o Brasil em competições no exterior, agora quer mais e mira a realização do sonho olímpico. “Serei o mais novo no meu peso (até 73kg) e conheço bem meus adversários. Serão quatro só daqui de Brasília. Eu e outros três que estão treinando fora (dois em São Paulo e um no Rio Grande do Sul). Além deles, Vitor Penalber (bronze no Mundial Júnior), que ficou suspenso nos últimos dois anos porque foi pego no dopping, também entrará na briga por um lugar na Seleção. Treinei uma semana com ele, no ano passado, no Rio de Janeiro, e deu para dar uma estudada no estilo de luta dele”, lembra o brasiliense.

Mais de mil
A expectativa da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) é que mais de mil atletas de todo o país participem da seletiva em Brasília. A ideia é fazer na base o mesmo trabalho feito na Seleção principal, que não tem um titular absoluto. Os selecionados poderão participar de competições na Europa, além de treinamentos fora do Brasil, ou trabalhar supervisionados pela CBJ em outros estados.

Quem são eles 

Nome: Lucas de Oliveira Almeida
Data de nascimento: 9 de agosto de 1991
Local: Brasília (DF)
Altura: 1,72m
Peso: 73kg
Categoria: leve (até 73kg)
Principais resultados:
» Campeão pan-americano júnior (2010)
» Prata no Brasileiro Júnior (2007)
» Bronze no Sul-Americano e no Brasileiro Júnior (2008)

Nome: Ítalo Queiroz Lopes
Data de nascimento: 4 de março de 1993
Local: Brasília (DF)
Altura: 1,73m
Peso: 55kg
Categoria: super ligeiro (até 55kg)
Principais resultados:
» Vice-campeão da seletiva para o Pan-Americano Júnior (2010)
» Campeão regional (2007)
» Prata no Brasileiro (2007)
» Campeão sul-americano (2007)

Nome: Takashi Haguihara Júnior
Data de nascimento: 16 de abril de 1981
Local: Brasília (DF)
Altura: 1,86m
Peso: 100kg
Categoria: meio-pesado (até 100kg)
Principais resultados:
» Campeão brasileiro (2010)
» Campeão universitário (2010)
» Campeão absoluto da Copa Brasília Internacional (2010)
» Campeão da Copa Minas (2010)

Nome: Vinicius Issao Sakamoto
Data de nascimento: 3 de setembro de 1992
Local: Brasília (DF)
Altura: 1,70m
Peso: 66kg
Categoria: meio-leve (até 66kg)
Principais resultados:
» Bicampeão sul-americano (2006 e 2007)
» Bicampeão brasileiro (2007, como juvenil, e 2008, como júnior)


Espelho nos companheiros de treino

Em seu segundo ano na categoria júnior, o brasiliense Ítalo Lopes, 17 anos, encara a seletiva para o Circuito Europeu como sua principal chance de entrar para a Seleção Sub 20 neste ano. Ele está esperançoso quanto à peneira no início de fevereiro. “O ano passado foi importante para conhecer a nova categoria e ganhar experiência. Hoje, estou com uma cabeça melhor, mais focado e preparado para o júnior”, afirma.

Dedicado, Ítalo tem como exemplo os amigos Lucas e Sakamoto, que têm conquistado espaço no cenário nacional e até fora do país. “Vi que tenho que treinar bastante para chegar onde quero. E poder treinar com dois judocas que têm grandes chances de chegar à Seleção principal me motiva a treinar ainda mais”, elogia. “Sei que essa seletiva não será fácil. Mas, com certeza, servirá de experiência para que eu alcance o meu principal objetivo, que é o de representar o Brasil em Mundiais e Olimpíadas.”

Campeão com o ânimo renovado

Confiante após a conquista do Campeonato Brasileiro do ano passado, na categoria meio-pesado (até 100kg), Takashi Haguihara Júnior, 29 anos, sua o quimono e treina pesado para chegar à Seleção. O judoca, que pensou em desistir do esporte caso não vencesse o Brasileiro em 2010, viu sua vontade de lutar renovada. “Estou nessa loucura de treinar muito e competir desde os meus 14 anos. A vitória no Brasileiro, minha primeira, reacendeu uma chama que estava quase apagada. Mesmo cansado, estou bastante confiante e tranquilo”, desabafa. “Todo o amadurecimento que eu devia ter conquistado ao longo desses 15 anos competitivos chegou agora, de uma vez só. É impressionante ver e sentir essa mudança”, diz, admirado.

Com treinos diários que levam em média seis horas, inclusive aos domingos, Takashi viu renascer o sonho de participar de uma Olimpíada. “Venci quatro competições fortes no ano passado, uma seguida da outra. Vi que estou no meu melhor momento, apesar da idade”, ressalta o judoca, que deve enfrentar seis adversários para conquistar uma das duas vagas para a Seleção.

Só a elite no Azerbaijão

Os brasilienses Luciano Corrêa e Erika Miranda, com outros 12 judocas da Seleção Brasileira principal, se preparam para encarar a disputa internacional que mais distribui pontos no ranking mundial depois das Olimpíadas. O IJF Masters reunirá, no sábado e domingo, em Baku, capital do Azerbaijão, apenas os 16 mais bem classificados em cada uma das 14 categorias olímpicas. A equipe que representará o Brasil embarcou na segunda-feira para lutar por medalhas e pela pontuação. Serão 400 pontos para o campeão, 240 para o vice e 160 para bronze (terceiro e quarto lugares), além de 80 para o quinto lugar.

Defenderão o país: Sarah Menezes, Erika Miranda, Maria Suellen Altheman, Mayra Aguiar, Leandro Cunha, Bruno Mendonça, Felipe Kitadai, Leandro Guilheiro, Tiago Camilo, Luciano Corrêa, Daniel Hernandes e Rafael Silva. Flávio Canto e Hugo Pessanha recuperam-se de lesão e não participam. Bruno (17º) e Rafael (18º), apesar estarem fora do Top16, foram convocados pela Federação Internacional de Judô (FIJ) para substituir atletas de outros países não confirmados na competição.

União faz a força
» O quarteto de judocas da capital estava preocupado em não encontrar lugar e atletas para treinar neste período típico de férias em Brasília. Mas a Universidade Católica abriu suas portas e alguns lutadores da cidade abandonaram o descanso para colaborar com o volume de treino dos colegas. Além disso, brasilienses que estão treinando fora e vieram passar as festas de fim de ano com a família também marcaram presença. “Essa força é fundamental. Sem espaço e gente para treinar fica muito difícil conquistarmos nosso objetivo”, ressalta Lucas. O sensei da Católica, Eduardo Costa Pereira, tem ministrado os treinos e dado ênfase ao handori. “Como eles treinam em outras academias, trabalhamos o volume de treino”, explica.

Estatísticas e curiosidades
Lucas, Sakamoto e Takashi rasparam a cabeça como forma de renunciarem à vaidade e manterem o foco nos confrontos que enfrentarão em 2011.

POR: AMANDA ROPE - CORREIO BRASILIENSE
FONTE: SUPERESPORTES

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