Prodígio do judô andreense de olho em 2016

Por Fernando Cappelli - Do Diário do Grande ABC

Se a tendência do panorama esportivo brasileiro recai em apostar quase 100% nos prodígios como plano a longo prazo para reforçar o País nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, o judoca Breno Alessi, 15 anos, de Santo André, é mais um que pode reforçar estatísticas futuras.

No começo deste mês, o lutador venceu seletiva em Taquatinga (DF), na categoria sub-17 leve (-66 kg) e se credenciou para participar de um circuito de treinamentos e competições nas cidades de Bremen (Alemanha) e Coimbra (Portugal), em março.

Faixa marrom e integrante da tradicional academia Hinodê, Breno embarcará para o Velho Continente. Será a primeira experiência internacional da carreira, que começou aos sete anos. E vai confiante em mais resultados positivos para encurtar o caminho para, posteriormente, chegar ao Pan-Americano e Mundial da categoria. "O sonho de todos é Olimpíada. Mas é como o próprio judô prega, temos de subiu um degrau por vez até alcançar o topo", comenta o atleta.

O jeito explosivo de aplicar golpes é ponto forte na tática de luta de Breno e foi explorado ao máximo no último torneio em Brasília. "Venci sete lutas por ippon (ponto completo) no mesmo dia. Isso é teste de fogo para qualquer um. Mas o objetivo será sempre ampliar essa média", conta.

Alessi tem se dedicado em dobro para lidar com o estilo força bruta, predominante entre os europeus. "Como somos categoria de base, é mais complicado estudar oponentes. Os adversários variam muito, mas muita coisa sempre se resolve na técnica apurada que aprendesmos no Brasil", confia.

Para o sensei (professor) Paulo Castellanos, um dos treinadores de Breno, a ida para a Europa será o ponto de partida perfeito para o planejamento da temporada, que foi remanejada com urgência para proporcionar o máximo de experiência possível em curto período de tempo até os Jogos no Brasil. "O objetivo é fazê-lo participar de pelo menos 30 competições por ano. É sempre bom ver que vontade para ele não falta. Assim fica fácil criarcampeões", disse.

Shira é um dos pioneiros da modalidade no Grande ABC

Com 56 anos de prática, o sensei Celestino Seiti Shira formou atletas em todas as gerações da arte marcial no Brasil.

Filho de imigrantes japoneses, começou a treinar aos 15 anos, em Santo André, com o pioneiro da região, mestre Kamura, em 1955. Atualmente, Shira é sétimo grau (kodansha) faixa coral (acima da preta). "No começo, tinha muito medo de cair . Mas logo o judô entrou no sangue e não parei mais", afirmou.

Shira conciliou a prática da arte suave com profissões como mecânico e caminhoneiro. Começou a lecionar em 1966, na sede da Sociedade Cultural do ABC, em São Bernardo. Está no comando da academia Hinodê, no bairro Príncipe de Gales, em Santo André, desde 1984. Tanta vivência o levou a formar mais de uma centena de faixas-pretas, entre eles os filhos Danusa e Daniel.

O professor é conhecido pela alto grau de exigência nos treinos e por ainda prezar a técnica mais pura da modalidade, mesmo no panorama atual competitivo ao extremo.

"O judô evoluiu, como muitos esportes. Mas o que vale é equilibrar fatores. Não sou contra os aspecto moderno, só acredito que tudo tem de ser balanceado para que não se perca a essência", ele explica. "Hoje é muito preparo físico e força. Mas no meio disso, há sempre a técnica, que nunca fica ultrapassada. A filosofia do judô também é improviso e adaptação", emenda.